8 de jun. de 2011

O BARROCO EM PORTUGAL - 1º ano EM


O Barroco desenvolveu-se dentro de um período que alternava momentos de depressão e pessimismo com instantes de euforia e nacionalismo. É uma época de crise, turbulência e incertezas que serviu de inspiração para uma arte dinâmica, violenta, perturbada, diferente da clareza, do racionalismo e da serenidade desejados pelos clássicos.

É a arte do conflito, do contraste, do dilema, da contradição e da dúvida. Reflete o conflito entre a herança humanista, renascentista, racionalista e clássica do homem quinhentista (século XVI) e o espírito medieval, místico, religioso, exacerbado pela Contra-Reforma Católica. Expressa, na irregularidade de suas formas contrastantes, o conflito espiritual entre: fé e razão, teocentrismo e antropocentrismo, ceticismo e mundanismo, misticismo e sensualismo, céu e terra, alma e corpo, espírito e carne.

É expressão de um homem repartido entre forças e princípios rivais: esta vida e a outra vida; o mundo daqui e o de além; o natural e o sobrenatural. O corpo tenta a alma e quer queimá-la com a paixão; a alma castiga o corpo pecador, castiga-o com fogo porque quer purificá-lo e reduzi-lo a cinzas.

Desse espírito dualista decorrem: na Literatura, a sobrecarga de antíteses, paradoxos e oxímoros; na Pintura, o jogo de luz e sombra, de claros e escuros; na Escultura e na Arquitetura, a exacerbação dos contrastes alto-relevo e baixo-relevo, formas côncavas e convexas; na Música, os esquemas polifônicos geradores do contraponto e da fuga.

A produção seiscentista da Literatura Portuguesa privilegia como gêneros literários a poesia lírica, a oratória seca, o teatro de costumes, a prosa moralizante, a epistolografia e a historiografia.

Apesar dos extremos de preciosismo, de hermetismo, de afetação e de frivolidade que caracterizam a produção das academias poéticas de retórica (Academia dos singulares, Lisboa, 1628-1665; Academia dos Generosos, Lisboa, 1647 - 1717); apesar da esterilidade e do rebuscamento artificial dos poetas reunidos nas célebres antologias Fênix Renascida (Lisboa, 1716 – 1762) e Postilhão de Apolo (Lisboa, 1761 - 1762), o Barroco em Portugal deixou algumas contribuições importantes como o enriquecimento das possibilidades expressivas e impressivas da imagética (imagens, metáforas, símbolos, alegorias), a valorização de analogias sensoriais ainda não exploradas pela Arte, o aprofundamento dramático do sentimento da complexidade e do mundo interior e da análise racional desse mundo.


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